Calendário vacinal atrasado durante a pandemia: O que fazer

As recomendações de distanciamento social e isolamento acarretaram a redução da busca por vacinação em 2020. Dessa forma, as coberturas vacinais estão apresentando baixos índices e grande parte da população está com o calendário vacinal atrasado.
 
No início de junho de 2020, a COVID-19 já era responsável pela morte de mais de 386 mil pessoas em todo o mundo. Uma onda de surtos de sarampo, desencadeada no rastro da pandemia, pode representar outra grande ameaça à saúde global.1 Entre janeiro e outubro de 2020 mais de 8.000 casos de sarampo foram confirmados no brasil.
Sendo assim, a preocupação é de que as baixas taxas de cobertura vacinal e a reabertura das creches resultem em uma sobrecarga do sistema de saúde que já está afetado pela COVID-19.
Quando os sistemas de saúde estão sobrecarregados, aumentam de forma significativa tanto a mortalidade direta causada pela pandemia, como a mortalidade indireta causada pelas doenças imunopreveníveis e tratáveis.2
 
A febre amarela também preocupa. Até maio de 2020, 56 municípios estavam afetados pela doença, distribuídos nos estados do Paraná (38), São Paulo (4), Santa Catarina (13) e Pará (1), além de 153 municípios ampliados (circunvizinhos) localizados nos estados do Paraná (68), São Paulo (37), Santa Catarina (38) e Pará (10) ─ todos incluídos na estratégia de intensificação da vacinação do Ministério da Saúde em área de risco.3
 

Mantenha o calendário vacinal em dia

Dessa forma, são necessárias ações para que a vacinação seja incentivada, para isso podemos acelerar os calendários vacinais, respeitando a idade e os intervalos mínimos entre doses e estimular a multivacinação (aplicação do maior número possível de vacinas na mesma visita).
Mesmo durante a pandemia da COVID-19, as doenças infecciosas que podem ser evitadas com vacinas continuam colocando você e sua família em risco. As vacinas são seguras e não aumentam o risco para a COVID-19. Portanto, mantenha sua vacinação em dia.4
 
 
Referências:
1  Johns Hopkins Hospital. Coronavírus Resource Center. [Acesso em 2020 mai 31]. Disponível em https://coronavirus.jhu.edu/map.html.
2 Organização Pan-Americana da Saúde. O programa de imunização no contexto da pandemia de COVID-19. 2020 mar 26. [acesso em 2020 mai 4]. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/51984/OPASBRACOVID1920036_por.pdf?sequence=1&isAllowed=y. 3.
3 Measles & Rubella Initiative. More than 117 million children at risk of missing out on measles vaccines, as COVID-19 surges. UNICEF. 2020 abr 3. [acesso em 2020 mai 4]. Disponível em: https://www.unicef.org/press-releases/more-117-million- -children-risk-missing-out-measles-vaccines-covid-19-surges.
4 https://sbim.org.br/images/files/cartilha-campanha-sbim-sbp-unicef-200611b-web.pdf

Importância da vacinação em adultos

Em 2016 e 2017 o Brasil viveu um surto de febre amarela e a partir do ano de 2018 começou a registrar casos de sarampo, uma doença que não era registrada de forma autóctone há 18 anos. Ambos os surtos poderiam ser menores se não fosse a baixa taxa de cobertura vacinal, o que reforça a importância da vacinação em adultos.
A vacinação em adultos tem a função de proteger individualmente e coletivamente, além de controlar e/ou erradicar diversas doenças no mundo.
Atualmente, o Ministério da Saúde oferece quatro tipos de proteção para as faixas etárias mais elevadas na rotina do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). São elas: Hepatite B, dT (difteria e tétano), Febre Amarela e Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola).

Por que o adulto não se vacina? 

Apesar de o governo oferecer diversas vacinas gratuitamente em todo o território nacional, dados do documento Coberturas Vacinais no Brasil, apresentado pelo MS em 2015, mostram que as taxas de proteção entre os adultos estão abaixo do ideal – que varia entre 95% e 100%, dependendo da patologia que se está combatendo.
A da influenza, por exemplo, em 2014 ficou em 86,1%. Já a da Hepatite B, em 61,9% na faixa etária de 20 a 24 anos; 55,9%, na de 25 a 29; 20,8%, na de 30 a 39; 14%, na de 40 a 49, e 11,8%, na de 50 anos ou mais.
E as razões para isso são várias. Segundo Eliane Matos dos Santos, médica da Assessoria Clínica da Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), “a primeira delas é que muita gente acredita que vacina é apenas para criança, desconhecendo que existe um calendário específico para quem tem a partir de 20 anos”.
Além disso, há quem tenha medo das reações. “Algumas eventuais, como dor no local da aplicação e febre baixa, até ocorrem, mas a doença é sempre mais grave do que os eventos adversos que a vacina pode causar. O importante é o profissional de saúde estar bem preparado para informar e orientar” acrescenta a especialista.
Ela ainda aproveita para afirmar a segurança deste tipo de proteção: “Antes de serem registradas e colocadas à disposição nos postos de saúde, as vacinas passam por uma série de estudos clínicos bem criteriosos. Até elas chegaram ao mercado pode demorar de cinco a 15 anos, e mesmo depois de licenciadas continuamos fazendo o acompanhamento”.
Para Cunha, da SBIm Nacional, o que também faz com que o adulto não se vacine é a falsa sensação de segurança. “Como muitas doenças estão controladas, as pessoas acham que não precisam se imunizar. A maioria só vai atrás quando as notícias começam a aparecer com mais frequência e, principalmente, quando ocorrem mortes, como aconteceu com o sarampo e a febre amarela.”
Outra questão que dificulta a busca pela vacina são as fake news, divulgadas o tempo todo nas redes sociais e nos aplicativos de conversa. Combatê-las não é tarefa fácil, porém, o MS informa que diariamente avalia mais de 7 mil menções do que pode ser um foco de desinformação proposital para espalhar boatos sobre saúde e, caso necessário, realiza uma intervenção para esclarecê-las.
 
 
Fonte: BBC

Febre amarela: Ministério da Saúde inicia campanha de vacinação em seis estados

A baixa cobertura vacinal no Brasil é um problema que deve ser olhado com atenção urgentemente. No início desse ano, o Ministério da Saúde em uma tentativa de melhorar a cobertura vacinal contra a febre amarela, realizou uma campanha para vacinar mais pessoas contra essa doença que possui alta letalidade. Entenda melhor como funcionou essa estratégia e porquê ela foi necessária.
A estratégia tem como foco os estados que são vizinhos ou limítrofes e que estão com circulação do vírus. São eles: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Pará
O Ministério da Saúde realiza, até o dia 31 de março, a Campanha de Vacinação contra a febre amarela em seis estados vizinhos ou limítrofes onde há circulação do vírus: Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Pará. A vacina é a forma mais segura e eficaz de evitar a doença e é indicada para pessoas entre 9 meses e 59 anos de idade. Contudo, grávidas ou pessoas com 60 anos ou mais devem procurar orientações no serviço de saúde para avaliar a pertinência da vacinação. A estimativa de pessoas não vacinadas nesses estados é de aproximadamente 4,7 milhões de pessoas.
“A febre amarela apresenta alta letalidade, por isso é importante que a população atenda aos alertas dos serviços de saúde para vacinação, e desta formar prevenir a ocorrência de casos, óbitos e surtos de maior magnitude. A vacina é segura e altamente eficaz (acima de 95%)”, afirma o coordenador-geral de vigilância em arbovirose do Ministério da Saúde, Rodrigo Said. Para prevenir a doença, basta que o público-alvo da vacina busque um dos 43 mil postos de saúde existentes em todo o país.
Atualmente, 33 municípios estão afetados pela circulação do vírus e estão distribuídos nos estados do Paraná (24), São Paulo (3), Santa Catarina (5) e Pará (1), e 119 municípios ampliados (circunvizinhos àqueles afetados), localizados nos estados do Paraná (55), São Paulo (27), Santa Catarina (27) e Pará (10). Além desses estados, o Ministério da Saúde decidiu incluir os estados da Região Sul por causa da dispersão do vírus para esses locais, por meio dos chamados ‘corredores ecológicos’, faixas de vegetação interligadas que possibilitam o deslocamento da fauna e flora.
A estimativa de não vacinados contra a febre amarela em todo o país é de 118,2 milhões de pessoas e a meta de cobertura vacinal é de alcançar pelo menos 95% desse total. De acordo com dados preliminares do Programa Nacional de Imunização (PNI), o Brasil, no acumulado de doses da vacina febre amarela entre 2008 e 2019, registrou apenas 40,5% de cobertura vacinal. O Ministério da Saúde alerta que a febre amarela apresenta alta letalidade e é importante que a população atenda aos alertas dos serviços de saúde para vacinação, e desta formar prevenir a ocorrência de casos, óbitos e surtos de maior magnitude.
Para atender os serviços de vacinação de rotina nos postos de saúde, ao longo do ano, e implementar as ações de intensificação vacinal nas áreas com circulação do vírus, o Ministério da Saúde distribuiu aos estados 3,8 milhões de doses, 100% das doses solicitadas. Entre janeiro e dezembro de 2019, cerca de 16,5 milhões de doses da vacina febre amarela foram enviadas para as 27 Unidades da Federação.

VIGILÂNCIA PARTICIPATIVA

Para fortalecer o sistema de vigilância com informações precisas e rápidas, o Ministério da Saúde implantou, em 2019, o aplicativo móvel do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo). Ele já está disponível nas lojas Google Play e Apple Store e permite que trabalhadores dos parques ecológicos, profissionais de saúde e a população em geral relatem quando verem uma epizootia, ou seja, um macaco morto. Assim, ao ver o animal, o cidadão pode fazer uma foto e enviar pelo próprio aplicativo. Neste caso, pode ser um alerta da circulação do vírus da febre amarela naquela área.
De acordo com o coordenador Rodrigo Said, a confirmação do aumento da frequência de epizootias em primatas não humanos (PNH) colocou em alerta o sistema de vigilância do país, em função do elevado risco de ocorrência de casos humanos nas áreas com registro de transmissão. “A implantação do SISS-Geo possibilitou definir áreas prioritárias para ações de vigilância e imunização. A partir dessa análise foi verificada a possibilidade de dispersão do vírus nas áreas incluídas na campanha, afetando populações sem registro da doença há anos ou décadas”, explicou Said.
O celular captura a área geográfica que o macaco foi encontrado e permite mapear as regiões de abrangência a partir da base de vegetação do IBGE. Assim, avaliando os corredores ecológicos, consegue-se prever as próximas áreas de infecção pela febre amarela. Os macacos são importantes indicadores da presença do vírus.
No ano passado, a região Sul participou do projeto-piloto e a ideia é expandir para todo o Brasil, em 2020. No estado do Paraná, o aplicativo começou a ser utilizado gradativamente pelos municípios no ano passado e cerca de 95% dos gestores de saúde já fazem uso do aplicativo.
O Ministério da Saúde vai promover oficinas para preparar profissionais da Vigilância em Saúde para o monitoramento dos períodos sazonais da febre amarela. Neste ano, as oficinas terão início pela Região Nordeste (30/3 a 4/4), depois terão continuidade no Sudeste (13/4 a 17/5) e Centro-Oeste (11/5 a 15/6).
Com esta iniciativa, o Ministério da Saúde espera otimizar os processos de análise de dados para a tomada de decisão. Além disso, pretende estimular a participação da comunidade na rotina de vigilância de epizootias e a formação de profissionais multiplicadores dos conhecimentos apresentados nos treinamentos. Dessa forma, a pasta espera que a agilidade das informações resulte em análises mais precisas.
A implantação do SiSS-Geo já possibilitou, por exemplo, definir as áreas prioritárias para ações de vigilância e imunização. A partir disso, o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Ação para monitoramento do período sazonal da febre amarela e decidiu incluir a região Sul entre as áreas prioritárias para a Campanha de Vacinação. “Foi uma revolução para a vigilância, porque a gente tinha dificuldade de conseguir as notificações, mesmo elas sendo compulsórias, obrigatórias. Com o aplicativo, os canais de comunicação se concentraram em um só e as informações chegam muito rápido, ressalta a médica veterinária do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (CIEVS) do Paraná, Paula Linder.
O Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) foi criado em 2014, pela Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PIBSS) da Fiocruz para auxiliar o monitoramento de animais silvestres no Brasil. O objetivo é auxiliar a vigilância de arboviroses e outras zoonoses em todo o Brasil. Foi no ano de 2014 que o vírus da febre começou a avançar pelo Brasil, a partir da reemergência na região Centro-Oeste.
 
 
Fonte: Ministério da Saúde

A ameaça da baixa cobertura vacinal pelo SUS

Nós já abordamos anteriormente como a propagação das “fake news” tem afetado diretamente as taxas de cobertura vacinal no mundo todo. A quantidade de notícias falsas que circulam, principalmente pela internet, tem gerado a preocupação de que novas pandemias possam surgir. Entenda tudo sobre como a disseminação dessas notícias tem impactado na saúde da sociedade e quais podem ser as consequências.
Vivemos no campo das vacinas, uma era de rápidas transformações e inovações tecnológicas disruptivas na transição para a vacinologia 4.0 e 5.0, que merecem profunda reflexão. Diante deste cenário, providências urgentes são necessárias em nosso país para fortalecer a capacidade tecnológica nacional em vacinas e, ao mesmo tempo, reverter o atual grave quadro de baixa cobertura vacinal das principais doenças infecciosas na quase totalidade dos estados brasileiros.
Em um cenário global marcado pelos crescentes temores dos cientistas de que possamos ser expostos a novas pandemias de doenças emergentes e reemergentes (como a influenza, a gripe suína, as arboviroses, favorecidas por grandes concentrações populacionais, aumento do fluxo aéreo, mobilidade populacional, mudança climática, entre outros, que venham vitimar dezenas ou mesmo centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, a exemplo da gripe espanhola no princípio do século passado), é muito preocupante o expressivo declínio observado na cobertura vacinal no país em crianças e adultos. As numerosas conquistas da saúde pública, como a erradicação da varíola, a eliminação da poliomielite, sarampo, rubéola e a redução expressiva da notificação das doenças imunopreveníveis na saúde pública brasileira, demonstram cabalmente a enorme importância e protagonismo das vacinas e vacinações na prevenção das doenças e aumento da qualidade de vida do povo brasileiro e mundial.
As novas vacinas inovadoras e com menos eventos adversos vêm crescendo exponencialmente no mercado farmacêutico e são reconhecidas como de enorme importância na prevenção das doenças e ação terapêutica, tendo como alvo o câncer e outras doenças crônico-degenerativas. O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) vem buscando fortalecer a sua competência tecnológica no desenvolvimento e internalização de tecnologias de produção no país de várias destas vacinas preventivas e terapêuticas.
Em contraste com estes expressivos avanços na inovação em vacinas e imunoterapias, os especialistas, as instituições responsáveis pela vacinação e a imprensa vêm alertando nos últimos anos para o fenômeno aqui relatado de surpreendente queda nos indicadores de cobertura vacinal no Brasil. A epidemia da febre amarela, com milhares de casos e centenas de mortes, majoritariamente de não-vacinados; o sarampo em Roraima, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso do Sul, iniciado com a entrada de refugiados venezuelanos infectados, em fuga do governo do seu país, disseminando a virose na Região Norte e causando muitos casos de sarampo, que acabaram se disseminando por todo o país. Esta rápida disseminação nacional do sarampo foi favorecida pela baixa cobertura da vacina, e outros fatores, como a queda de imunidade, que acabou levando à séria ameaça de retorno da doença ao Brasil.
Apesar de estarmos muito próximos de uma nova conquista da Humanidade — a erradicação global da poliomielite —, fenômenos surpreendentes como a importante queda de cobertura vacinal contra a pólio no país e os baixíssimos índices de cobertura vacinal para várias doenças infecciosas, inclusive poliomielite são ameaças tangíveis à população brasileira. Dados da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde indicam que as coberturas vacinais no país, estados e parcela dos municípios estão decrescendo significativamente, atingindo índices muito abaixo da meta estabelecida para cada vacina, com queda acentuada nos últimos três anos para a maioria das vacinas. A queda nas coberturas vacinais para doenças já eliminadas como sarampo, rubéola e poliomielite, ou já controladas, a exemplo da difteria e da coqueluche, expõe a população ao risco de adoecimento. Os dados recentes do ano de 2018 já indicavam menos de 45% dos municípios brasileiros com cobertura vacinal adequada em crianças com menos de 1 ano e só 65% dos municípios com cobertura vacinal adequada para febre amarela, com 312 cidades com cobertura vacinal abaixo de 50%, quando a recomendação é de 95% de cobertura (dados de 2018 do Ministério da Saúde).
Leia também: Vacina da tuberculose (BCG): Para que serve e quando tomar
Embora diversos fatores devam ser considerados e tenham sido referidos pelas autoridades para explicar o declínio na cobertura vacinal, como a mudança do registro da imunização para registro nominal, problemas na qualidade da rede de serviços e receio pela sociedade de efeitos adversos da imunização, a verdade é que os indicadores oficiais apontam para um claro declínio na imunização de crianças, adolescentes e adultos, que precisa com urgência ser adequadamente investigado, com maior precisão nos dados.
O fenômeno global da “recusa à vacinação”, observado também em países desenvolvidos, favorecido por fake news disseminadas pelas redes sociais com exacerbação dos efeitos adversos das vacinas, como “vacina provoca autismo”, “vacina leva a problemas neurológicos”, “vacina causa doença”, “a vacinação enfraquece o sistema imunológico” etc; a dificuldade de acesso à vacinação; a falta de vacinas em algumas oportunidades; a inexistência do conhecimento pelos mais jovens e a perda de memória pelos adultos, das graves consequências destas doenças preveníveis pelas vacinas, além de outras causas, são apontados como fatores que contribuiriam para a baixa cobertura vacinal (Possas, Homma et al 2019).
É preciso, nesse novo cenário epidemiológico de baixa frequência de doenças que anteriormente assombravam as famílias, como poliomielite, sarampo, coqueluche, difteria, tétano, meningite meningocócica, entre outras, formas mais efetivas de comunicação e outras medidas, como o envolvimento de toda sociedade para o novo despertar para a importância da vacinação, além da responsabilização de todos os envolvidos nas atividades de imunização.
Uma revisão das atuais estratégias de comunicação sobre vacinas é necessária e urgente. Deve-se buscar maior impacto emocional da informação em saúde na população-alvo, além da divulgação permanente nos meios de comunicação de massa sobre as vacinas, sua importância e baixa frequência de efeitos adversos, em contraste com as complicações graves ou fatais das doenças. E a comunicação social precisa de alianças, como o Unicef, sociedades médicas, entidades privadas como o Rotary e emissoras de TV e rádio. Precisa ser menos burocrática, menos centrada no próprio governo, atingir mais o lado emocional das pessoas. O envolvimento e a participação da sociedade organizada como um todo são fundamentais.
Nas décadas anteriores, a população brasileira aderiu maciçamente ao Programa Nacional de Imunizações, internacionalmente reconhecido como um modelo muito bem-sucedido e com elevada adesão social. Portanto, esta mudança de comportamento da sociedade requer uma avaliação mais profunda e precisa de cada fator envolvido nesta resposta social de suposta recusa à imunização, que requer, de forma urgente, uma resposta específica e eficaz do poder público.
Na perspectiva do desenvolvimento sustentável (GAVI, 2018; Possas, Homma et al.2019), torna-se premente considerar o impacto econômico e social da baixa cobertura vacinal. Estudos internacionais realizados em 73 países indicam que poderá ser daqui para a frente gigantesco o impacto econômico e social da não-vacinação, se esta tendência global persistir. Nos últimos 20 anos, a expressiva ampliação da cobertura vacinal possibilitou aos países uma redução de 20 milhões de mortes e uma economia de cerca de US$ 350 bilhões somente com serviços de saúde. Além disto, se considerados o impacto a longo prazo para a economia e para a sociedade de qualidade de vida mais longa e saudável, o impacto econômico da vacinação será da ordem de US$ 820 bilhões (Osawa et al 2017). Estes dados mostram que vacinação é uma atividade de alto impacto econômico e social e não é gasto e sim investimento, alertando para a importância de urgente reversão dos expressivos cortes governamentais no orçamento destinado a vacinas e imunizações no Brasil.
Os atuais surtos de doenças imunopreveníveis no país estão revelando “buracos” de imunização: populações rurais, populações indígenas, populações mais pobres nas periferias das cidades, migrantes. Nesse último caso, é preciso estabelecer uma vacinação mais precoce dos migrantes.
Leia também: Recomendação da dose 0 de sarampo do Ministério Da Saúde e situação atual do sarampo
É imprescindível reforço na vigilância epidemiológica em todo o país, para que se possa detectar o mais precocemente possível a ocorrência de casos de doenças evitáveis por vacinação. Há necessidade também de inquéritos para saber os motivos reais da não-vacinação. Por oportuno, é importante destacar a acentuada deterioração do SUS nas últimas décadas, que vem contribuindo de forma significativa para o declínio da cobertura vacinal, refletindo-se na queda na qualidade dos serviços locais de imunização.
Na vacinação, ainda que a proteção seja individual, a busca de níveis constantes de alta cobertura vacinal de toda população é crucial para se alcançar a proteção coletiva e assegurar o bem-estar da população. Sendo um tema de alta relevância para a saúde de toda população, o binômio vacinas e vacinação deveria ser parte do currículo nas escolas primárias, secundárias e do ensino superior.
Esta dimensão coletiva da proteção vacinal impõe a busca da confiança e do convencimento da importância da vacinação por toda população e requer urgente aprimoramento dos sistemas de informação sobre imunizações e a importância da cobertura vacinal, a necessidade de revisão das estratégias nacionais de coordenação e de gestão local dos serviços e salas de imunização.
Para assegurar estratégias nacionais de coordenação mais eficazes, é necessária uma reflexão sobre a estrutura e a organização institucional do SUS na Constituição de 1988 no campo da saúde pública e das vacinas. O PNI, apesar do seu histórico dinamismo, fica com sua capacidade de coordenação limitada, de mãos atadas, especialmente neste momento de crise do SUS, em um sistema altamente descentralizado na execução finalística da imunização, o que em termos de saúde pública coloca sérios problemas e deve ser revisto. A atual organização institucional do PNI precisa portanto ser revista, especialmente no grave cenário atual de alto potencial de pandemias de doenças emergentes e reemergentes, o que impõe respostas imediatas e que se repense a sua atual estrutura, restaurando sua verticalização.
Finalmente, esta estratégia nacional de imunizações deverá ser integrada em um sistema global eficiente de preparedness. Esta questão é da maior relevância e foi recentemente destacada pela Organização Mundial da Saúde, mostrando que entre 2011 e 2018, houve um crescimento e rápida propagação de surtos epidêmicos, constatando-se no período 1.483 surtos epidêmicos em 172 países. Estamos, portanto, vivendo numa nova era de rápida disseminação global de epidemias de ebola, Sars, Mers, zika, dengue, febre amarela, chikungunya e outras. Diante da gravidade deste quadro, é necessário implantar com urgência uma estrutura coordenada e estratégica com alta capacidade de mobilização e controle, articulando PD&I de vacinas, vacinações, vigilância epidemiológica e laboratorial, apoiada por um sistema ágil e preciso de informação, evitando desta forma epidemias que se vislumbram perigosamente no horizonte.
 
*Akira Homma e Cristina Possas são assessores científicos do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).
 
Agradecimentos: os autores agradecem, In memoriam, a valiosa contribuição de Reinaldo de Menezes Martins, fez algumas das reflexões que geraram este artigo.
 
Fonte: Agência.FioCruz
Foto: Peter Ilicciev

Riscos da baixa da cobertura vacinal durante a pandemia

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Quando a vacinação de rotina não é realizada, principalmente em crianças menores de 5 anos e em outros grupos de risco, a probabilidade da volta de doenças como sarampo, tétano, difteria e febre amarela, por exemplo, pode levar ao aumento dos casos de doenças imunopreviniveis. Segundo a SBIM no curto, médio e longo prazo, as consequências dessa perda para as crianças podem ser mais graves do que as causadas pela pandemia de COVID-19.
A diminuição de nossa cobertura vacinal permitiu que em 2018 o Brasil registrasse mais de 10 mil casos e perdesse a condição de eliminação do sarampo, obtida em 2016. Em 2019, o surto se expandiu e mais de 18.000 casos da doença foram confirmados. Em 2020, alguns estados, especialmente Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná ainda vivem o surto da doença.[/vc_column_text][vc_empty_space][vc_video link=”https://www.youtube.com/watch?time_continue=25&v=fwS_XsVdpV8&feature=emb_title”][vc_empty_space][vc_column_text]

Riscos da não vacinação de rotina

  1. Manter a alta cobertura é fundamental para o controle e eliminação de doenças e hospitalizações.
  2. A vacinação evita a sobrecarga do sistema de saúde, a possibilidade da COVID-19 cursar com exantema, por exemplo, pode ser motivo de dúvidas no diagnóstico diferencial com sarampo e dengue.
  3. Não há vacina para a COVID-19, mas pessoas de alto risco para a doença, em geral, também são de risco para outras infecções preveníveis por vacinação. Baixas coberturas vacinais colocam essas pessoas em risco ainda maior
  4. O sarampo é doença extremamente grave que interfere na imunidade do indivíduo, o que pode aumentar a chance de outras infecções, inclusive pelo novo coronavírus.
  5. Em 2020 já foram confirmados mais de 200 casos de febre amarela em macacos no Sul do país.
  6. Outras infecções também são potencialmente graves e preveníveis por vacinas, como doença pneumocócica, doença meningocócica, tétano, difteria, coqueluche, poliomielite, diarreia por rotavírus, varicela, hepatite B, hepatite A, formas graves de tuberculose, doenças causadas pelo HPV.

Idosos devem se vacinar contra pneumonia para evitar complicações do novo coronavírus

Ainda não há vacina para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. No entanto, grupos vulneráveis (idosos, diabéticos, asmáticos graves e soropositivos, por exemplo) podem diminuir o risco de internação e de piora do quadro se forem imunizados contra outra enfermidade: a pneumonia bacteriana, que causa inflamação nos pulmões.

 três principais razões para que essas pessoas tomem as vacinas pneumocócicas:

  • Infecções virais, como a Covid-19, comprometem o sistema imunológico eaumentam o risco de contaminação bacteriana. O paciente ficará ainda mais debilitado se tiver as duas doenças simultaneamente.
  • Mesmo aqueles que não contraírem o novo coronavírus podem aumentar a probabilidade de ter a doença caso sejam internados por causa de uma pneumonia. A exposição ao ambiente hospitalar deve ser evitada, quando possível.
  • Na maioria dos casos de internação por pneumonia, o paciente precisa de respiradores mecânicos. Como esses equipamentos são essenciais também para os casos severos de Covid-19, provavelmente faltarão aparelhos no Brasil durante a pandemia.

Leia mais: Idosos devem se vacinar contra pneumonia para evitar complicações do novo coronavírus
 
 
Fonte: Sincofarma.org.br[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Importância da vacinação

Apesar de ser um tema muito abordado em diversas mídias, muitas pessoas ainda se perguntam se a vacinação é realmente necessária. Por esse motivo é importante ressaltar a importância e necessidade da vacinação sempre que houver oportunidade.
O ditado popular “melhor prevenir do que remediar” se aplica perfeitamente à vacinação. Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. Poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são só alguns exemplos de doenças comuns no passado e que as novas gerações só ouvem falar em histórias. O resultado da vacinação não se resume a evitar doença. Vacinas salvam vidas.

Mas como a vacina ajuda o nosso sistema imunológico?

Quando uma pessoa é infectada pela primeira vez por um antígeno (substância estranha ao organismo), como o vírus do sarampo, o sistema imunológico produz anticorpos (proteínas que atuam como defensoras no organismo) para combater aquele invasor. Mas essa produção não é feita na velocidade suficiente para prevenir a doença, uma vez que o sistema imunológico não conhece aquele invasor. Por isso, a pessoa fica doente, podendo levar à morte. Mas se, anos depois, aquele organismo invadir o corpo novamente, o sistema imunológico vai produzir anticorpos em uma velocidade suficiente para evitar que a pessoa fique doente uma segunda vez. Essa proteção é chamada de imunidade.
O que a vacina faz é gerar essa imunidade. Com os mesmos antígenos que causam a doença, mas enfraquecidos ou mortos, a vacina ensina e estimula o sistema imunológico a produzir os anticorpos que levam à imunidade.
Portanto, a vacina faz as pessoas desenvolverem imunidade sem ficar doente.

Doenças controladas podem voltar

Muitas doenças infecciosas estão ficando raras. Pessoas nascidas a partir de 1990 podem nunca ter tido contato com pessoas com sarampo ou rubéola e, definitivamente, de poliomielite. Isso porque as constantes ações de vacinação foram capazes de controlar e eliminar essas doenças do Brasil.
Leia também: O que é meningite: Causas, sintomas, tratamentos e a vacina
Então, não preciso vacinar meu filho contra essas doenças? Precisa sim. Essas doenças ainda fazem vítimas em outros lugares do mundo. Com a globalização, as pessoas passam por vários continentes em uma única semana. Se não estiver vacinada, ela pode trazer a doença para o Brasil e transmitir para alguém que não esteja imunizada.
Pessoas não vacinadas, portanto, podem ser a porta de entradas de doenças eliminadas no Brasil.

Como eu posso saber se as vacinas são seguras?

Com as vacinas conseguimos erradicar a varíola e controlar diversas doenças, como a poliomielite (paralisia infantil), o sarampo, a coqueluche e a difteria, entre outras. Com isso, as vacinas protegem com segurança.  Eventuais reações, como febre e dor local, podem ocorrer após a aplicação de uma vacina, mas os benefícios da imunização são muito maiores que os riscos dessas reações temporárias.
É importante saber também que toda vacina licenciada para uso passou antes por diversas fases de avaliação, desde os processos iniciais de desenvolvimento até a produção e a fase final que é a aplicação, garantindo assim sua segurança. Além disso, elas são avaliadas e aprovadas por institutos reguladores muito rígidos e independentes. No Brasil, essa função cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde (MS). E não é só isso. A vigilância de eventos adversos continua acontecendo depois que a vacina é licenciada, permitindo a continuidade de monitoramento da segurança do produto.
 
Fonte: Saude.Gov.br

Na Semana Mundial de Imunização, SBP reafirma importância das vacinas

A vacinação é uma importante aliada na preservação da saúde. Quanto maior a cobertura vacinal, mais facilmente conseguimos controlar a propagação de diversas doenças e assim diminuir a taxa de mortalidade, principalmente infantil.
De 24 a 30 de abril, ocorre em todo o mundo a Semana Mundial de Imunização. Para celebrar a data, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) elaborou uma carta para pediatras e população em geral, na qual destaca a importância primordial das vacinas como instrumento de promoção de saúde. Elaborada pela presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, e pelo presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, a publicação soma-se aos esforços da campanha empreendida globalmente nesta semana.
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Conforme salienta o texto, neste ano, os temas de ênfase da Semana Mundial de Imunização são “#VaccinesWork” e “Ame, Confie e Proteja”. As frases têm o intuito de destacar o valor das imunizações, os avanços já conquistados por meio dessas ferramentas e os desafios enfrentados nos dias de hoje.
“Após a ampla utilização de vacinas em todo o mundo, obtivemos a erradicação da varíola, assim como observamos agora o processo de possível eliminação da pólio. Além disso, controlamos o sarampo, a febre amarela, a difteria e tantas outras doenças que eram responsáveis por elevadas taxas de mortalidade infantil globalmente”, afirma a publicação.

COBERTURA VACINAL

A carta também traz um alerta a respeito das sucessivas quedas das taxas de vacinação de diferentes países, inclusive do Brasil. De acordo com os autores, um grave risco está associado a esse comportamento, uma vez que o não cumprimento do calendário de vacinação estabelecido pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) pode incorrer no ressurgimento de doenças já extintas do território nacional.
“A falsa sensação de proteção, o desconhecimento dos benefícios da vacinação, o medo de eventos adversos, a dificuldade de acesso e as chamadas fake news têm sido apontadas por vários estudos como as principais causas dessa queda das coberturas vacinais”, descreve o texto.
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A publicação da SBP ressalta ainda a participação ativa da entidade nas discussões a cerca das melhores práticas em imunizações e na divulgação da vacinação como instrumento promotor de saúde indispensável a todos os grupos etários, sempre destacando o papel de protagonismo do pediatra como fonte confiável de informação.
Conforme detalha o documento, o PNI é reconhecido como um dos melhores programas de vacinação do mundo. No entanto, os desafios ainda são enormes, por isso, é fundamental colaborar intensamente para conscientizar a população e alcançar as metas de imunização de todas as vacinas. “É tempo de comemorar os avanços, mas também de agir!”, finaliza a carta.

Fonte: SBP